sexta-feira, 15 de agosto de 2014

História e Curiosidades do Absinto

 Nessa bela sexta, pensando no que postar, venho em minha mente, ao olhar minha garrafa de absinto Birds, tive a ideia de falar um pouco sobre essa bebida que já causou muita confusão.

Origem:
A erva absinto (Artemisia absinthium) já era utilizada no século XV na Grécia Antiga como remédio, naquela época recomendava-se a erva embebida em vinho para diversos tratamentos medicinais, talvez por isso ficou tão popular, pois era um medicamento para todas as enfermidades, além de uso medicinal, essa erva era usada em algumas tradições por outros povos.
Artemisia absinthium
 Porém somente no século XVIII, a bebida que conhecemos tornou-se um remédio oficial nas mãos de um médico francês, Dr. Pierre Ordinaire, que ao provar a receita das irmãs Henriod, criou seu próprio elixir, cujo na verdade se tratava de uma bebida destilada, de coloração esverdeada, que levava Artemisia absinthium, anis, hissopo, melissa, coentro e outras ervas locais em sua produção. O elixir ficou tão famoso, que, após alguns anos, um homem chamado Major Dubied comprou a receita do médico e começou a produzi-lá em alta escala, junto com seu genro Henri-Louis Pernod na Suíça.

Colheres de Absinto

Características Gerais:
* O absinto é classificado em três categorias, Abisinthe Suisse cujo a graduação alcoólica varia de 68-72%, Demi-fine de 50-68% e Ordinaire que variava entre 45-50%.
* O absinto é um destilado, não um licor como muitos consideram, sua coloração é verde devido a clorofila expelida pela erva, possuindo vários tons de verde.
* A colher de absinto tem bifurcações no centro, para que o torrão de açúcar possa derreter e vazar por estes buracos até o absinto, a colher também possui uma ponta alongada para que possa encaixar-se melhor na superfície do copo, esta colher é usada no La Louche (irei postar um vídeo explicativo depois).
* A erva do absinto, assim como várias ervas, possui uma substância chamada Tujona, cujo sua estrutura e efeitos psicoativos são bem parecidos com o THC, causando alucinações, fraqueza muscular e tremores, porém não o que se preocupar pois estes efeitos são reduzidos no processo de destilação, possuindo uma quantidade insignificante na bebida.

Bebedores de Absinto, de
Pablo Picasso, vendido por
42 milhões de euros
Obs: Uma curiosidade a se ressaltar é a que muitos artistas, pintores e escritores renomados já se aproveitaram do destilado e de seus efeitos alcoólicos para buscar sua musa inspiradora, vai ver que alguns já encontraram a fada verde, hahaha. Alguns desses famosos seriam Van Gogh, Edgar Allan Poe, Ernest Heminghway entre outros. Vale lembrar que para muitos pintores, a Fada Verde representa inspiração poética e iluminação artística, um estado de espírito livre, afim de atingir a inovação artística.


La Louche
Um ritual, há ditos de que foi criado na idade média, ótimo para se aproveitar ao máximo o sabor daquela garrafa de absinto novinha, ao realizar o La Louche o absinto libera seus óleos de essências, ressaltando seu sabor, reduzindo seu amargor e um pouco do teor alcoólico, sendo a forma correta de se preparar um absinto, a seguir, como realizar:

1. Pegue uma taça para absinto e sobre sua borda coloque uma colher de absinto (pode ser substituída por uma colher de sopa ou de sobremesa).

2. Despeje o absinto em uma taça de absinto, pode ser substituída por uma taça de vinho tinto ou branco.

3. Coloque um torrão de açúcar sobre a colher.

4. Lentamente, comece a pingar água gelada sobre o torrão de açúcar. Continue pingando até dissolve-lo completamente, sua cor, caso o absinto seja verde, ficará um verde turvo.

5. Com a colher de absinto mexa bem a bebida, afim de misturar melhor o açúcar. Sirva-se.

Bohemian Style
Também há ditos que foi criado na idade média, mais precisamente na França, porém não é verdade, o Bohemian Style foi criado na idade contemporânea e ficou famoso em festas por seu processo ser chamativo, pois utiliza-se de fogo, não sendo o jeito correto de se preparar esta bebida, o fogo, de fato reduz o teor alcoólico, porém você destrói o óleo das essências e é capaz de você perder todo o álcool do absinto no processo, sendo um lastimável desperdício, o açúcar, mesmo acrescentando um bom gosto, somente irá liberar a essência da bebida se este for misturado com água gelada. Porém fica a escolha do leitor qual é de sua preferência.

1. Pegue uma taça para absinto e sobre a borda coloque uma colher de absinto (pode ser substituída por uma colher de sopa ou de sobremesa)

2. Coloque um torrão de açúcar sobre a colher.

3. Com cuidado, despeje o absinto na taça e no final, molhe um pouco o açúcar com a bebida.

4. Coloque fogo sobre o torrão e deixe caramelizar, por cerca de 30 a 40 segundos, de vez em quando vire um pouco a ponta da colher, cuidado pois o absinto irá pegar fogo, nesse período de tempo.

5. Após o tempo exigido retire a colher e tampe o copo, caso tenha utilize um porta-copos de metal, o fogo irá apagar.

6. Com a colher do absinto meca bem a bebida, afim de misturar melhor o açúcar. Coloque o drinque em outra taça.

7. Há varias formas de se servir o absinto neste estilo, cabe você escolher qual irá utilizar, após o processo nº 6; Você pode acrescentar água gelada sobre a mesma taça; Você pode servir o absinto em uma taça, acompanhada de outra contendo água gelada; Você também pode servir somente o absinto à estilo boêmio.

4 comentários:

  1. Escuta, esse absinto Birds dá louche? Comprei um Pére Kermann's e com ele não deu, agora tou com medo de comprar qualquer outro nacional.

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    1. Olá Damnus, o Birds é um demi-fine, tem uns 53,5% de teor alcoólico, cheguei a fazer duas vez o la louche nele, é bom, porém, se quiser outro nacional, pelo mesmo preço e mesmo teor, recomendo o Absinto Lautrec, é um pouco adocicado comparado a outros, mas tem um bom gosto de anis, se estiver disposto a pagar mais, o Absinto Camargo é uma ótima escolha nacional, cujo ganhou seu espaço nas prateleiras internacionais. Espero ter ajudado.

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    2. Somente para complementar minha resposta, o gosto anisado não é causado pelo anis e sim pela grande quantidade de erva-doce, por isso recomendo que faça o louche em absintos de dupla maceração, ou seja, os verdes (vert) ou se preferir os brancos (blanche), de uma maceração. O motivo? Esses absintos contém ervas clorofiladas, a erva-doce e funcho, cujo seus constituintes ajudam no processo de louche. Obrigado por visitar o Arte Alcoólica.

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    3. Obrigado pela resposta. Recentemente encontrei uma garrafa do Philip Lasala em uma adega. O mesmo é um absinto espanhol amarelado de média qualidade, que finalmente me rendeu um louche verde fosforescente muito agradável aos olhos. Agora estou pensando em experimentar o Camargo, que dos nacionais parece ser o melhor.

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